Houve um tempo em que tudo era calmaria
e meu coração contente andava sempre a sorrir
mas depois do traiçoeiro punhal, a ventania
que batia na janela do peito a insistir
Senti uma dor de apunhalada profunda
que toda minha sede de amar profanou
converteu a água limpa em bebida imunda
e por essa dor meu coração naufragou
Um gosto de vida inversa, uma dor intensa
Uma dor pungente cheia de amargura
que transforma em pequena a alma imensa
e o viver numa dor de maldita desventura
Mas o que devo fazer agora? Aceitar calado?
Esse tropeço, Esse susto, Esse es”balde”?
Preciso me preservar, meu coração é delicado!
“de água fria”! Não quero viver essa fraude!
A seta do cupido numa solene reação inversa
afastou-se assim como vai embora um visitante
Deixou-me sufocado; e minha vida submersa
como a tormenta que derruba o navegante.
Minha paixão esvaiu-se, desceu em rodopio
pelos ralos do tempo em cruel desilusão
como aquela gata voraz que em seu cio
vai-se embora pelo mundo em perdição!
Não vai mais voltar a ser o que era
antes, tal como o cristal que se partiu em mil
pedaços, não há, e nunca houve nessa era
lágrima tão triste como a que de mim caiu!
Não há mais o que se possa perdoar…
A traição faz com que nunca mais exista
aquele Amor puro que um dia existiu
E eu era apenas um que “Amava Amar”…